#portodosnós

O novo mundo começa pela valorização do local

Guido Cechella Isaia


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Todas as manhãs, visto meu terno antes de ir para a Eny. É um hábito que herdei do meu pai, Salvador Isaia. Mas, hoje, gostaria de pedir que quem for ler esse artigo veja o homem por trás do terno. Não se trata de uma apelação aos meus cabelos brancos, e sim ao amor por Santa Maria que há 95 anos é a motivação da nossa empresa e que há 82 anos faz parte da minha vida.

Tenho visto a repetida afirmação de que os empresários não se importam com o risco de mortes diante da pandemia e que o comércio quer lucrar a qualquer custo. Para nós não é assim. É óbvio que queremos vender. Se não vendermos, se não lucrarmos, as empresas quebram. Mas, acreditem, há um coração que pulsa aqui dentro e isso envolve ter sentimentos por quem trabalha conosco e pela cidade. A trajetória da Eny Calçados é feita de laços afetivos muito fortes com Santa Maria e com quem nela vive. Sempre nos preocupamos com o desenvolvimento da cidade. Só no segundo semestre do ano passado, realizamos mais de 40 atrações, isso sem contar os nossos tradicionais eventos esportivos e o apoio a espetáculos e artistas locais.

Estive ao lado de meu pai quando ele tomou decisões que impactaram Santa Maria, como construir a Galeria do Comércio. Quem pode imaginar o orgulho que sinto quando passo pelo Calçadão e sei que ele leva o nome dele? Quer prova mais contundente de o quanto ele colaborou com a cidade? A nossa área exige isso: visão, empreendedorismo, capacidade de transformação e também retorno para a comunidade.

Por mais que sejamos uma empresa tradicional, sempre nos orgulhamos de encarar os desafios como novas possibilidades. E, assim, inovamos muitas vezes: quando nossas lojas abriram ao meio-dia, uma polêmica na época, ao criar uma universidade para treinar nossos funcionários, ao ter uma fundação para valorizar a memória e a cultura locais.

Sempre me perguntam como é gerenciar uma empresa tão tradicional. Ela já precisou se reinventar muitas vezes, diante de crises econômicas, como o fim da ferrovia, e de revoluções, como a internet. Não foram poucos os que sentenciaram, em diferentes épocas, que as lojas físicas iriam morrer. Mas cá estamos, talvez não tão fortes quanto gostaríamos, mas firmes para nos reinventar mais uma vez.

Nós trabalhamos com o comércio, e todo mundo pensa que entende dessa área, tem um palpite, uma solução mágica para oferecer, a novidade que vai encantar e revolucionar o mercado. Quando o assunto é moda, então, todo mundo se julga especialista. Mas poucos estão dispostos a entender como de fato funciona uma empresa. Todos querem nos dizer como ganhar o cliente, só que o que queremos é encantar o cliente.

Já vi muitas empresas da cidade fecharem as portas. E isso antes e depois da pandemia. Então, que tal pensarmos nas lições que podemos tirar a partir daqui, em formas de transformar o lugar em que vivemos para melhor? Com certeza, a valorização do que é local faz parte disso. Global foi uma palavra que se tornou tão "moderna" que esquecemos de olhar para o lado, para os nossos vizinhos de porta, para os mercadinhos do bairro, para as empresas que pensam no desenvolvimento das cidades onde estão inseridas. O uso da #portodosnós ajuda a promover esse tipo de reflexão, sobre o quanto todos podemos ser mais solidários, mais unidos e mais fortes em conjunto.

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